13 de outubro de 2025
Custódia
CVM
Fundos

Administrador de fundos: responsabilidades e principais atribuições

administrador de fundos é a instituição responsável por operacionalizar, representar e garantir a governança de um fundo de investimento. Em um ecossistema financeiro onde transparência, controle e conformidade regulatória são essenciais, o papel do administrador une obrigações técnicas (cálculo de cotas, controle patrimonial), legais (divulgação de informações, prestação de contas) e contratuais (cumprimento do regulamento do fundo).

Para investidores, a existência de um administrador qualificado significa acesso a relatórios confiáveis e a garantia de que as regras do fundo serão aplicadas de forma consistente; para gestores e distribuidores, é o parceiro que viabiliza o funcionamento jurídico e operacional da estrutura de investimento. Abaixo detalho as principais responsabilidades, atribuições e práticas que definem a atuação do administrador de fundos no Brasil.

Definição legal e requisitos regulatórios

No Brasil, a atuação do administrador de fundos está pautada nas normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e em autorregulação como a ANBIMA. A Resolução CVM nº 175 e seus anexos atualizam as regras sobre estrutura, divulgação e responsabilidades dos participantes do ecossistema de fundos, atribuindo expressamente ao administrador funções como o cálculo e divulgação do valor da cota e do patrimônio líquido, além da prestação de informações periódicas aos cotistas. Essa obrigação de divulgação reforça tanto a proteção ao investidor quanto a responsabilização técnica do administrador.

A ANBIMA, por sua vez, detalha códigos de conduta e melhores práticas para administração e gestão de recursos, complementando a regulação ao definir padrões operacionais e de governança que as gestoras e administradoras devem observar. Por fim, apenas entidades habilitadas e registradas junto à CVM podem ocupar essa posição formalmente, o que exige controles internos, políticas de compliance e estruturas de governança compatíveis com a responsabilidade fiduciária que lhes é atribuída.

Responsabilidades centrais: cálculo, custódia e controle

Uma das funções centrais do administrador é o cálculo e a divulgação do valor da cota e do patrimônio líquido do fundo, que fornece a base para subscrições e resgates e serve como métrica essencial para investidores e reguladores. Além disso, cabe ao administrador manter registros contábeis e reconciliar posições com custodiante e mercados, assegurando que os ativos declarados no patrimônio existam e estejam corretos.

A administração envolve também a contratação e supervisão de prestadores de serviços — gestor, custodiante, auditor independente, distribuidor — e o monitoramento do cumprimento dos limites e políticas previstas no regulamento. Em suma, o administrador atua como o “sistema nervoso” operacional do fundo: calcula cotas, valida fluxos de caixa (entradas e saídas), processa resgates e subscrições, e garante que a cadeia operacional funcione sem ruído. Essas atividades técnicas são acompanhadas de procedimentos de controle que asseguram a integridade das informações divulgadas aos cotistas.

Governança, compliance e informação ao investidor

O administrador tem deveres expressos de transparência: disponibilizar periodicamente extratos, informes, lâminas e fatos relevantes, além de responder a demandas dos cotistas. Como afirma o portal oficial, “O administrador do fundo é também responsável por prestar informações periódicas e eventuais aos cotistas.” Essa obrigação impõe processos robustos de divulgação e governança, incluindo políticas de gestão de conflitos de interesse, controles internos, registros de decisões e registro documental de assembleias e deliberações.

A governança inclui ainda a manutenção de canais de comunicação ao investidor e a obrigação de notificar a CVM em eventos relevantes, bem como preservar a independência entre funções que possam gerar conflito (por exemplo, separação entre áreas comerciais e de risco). A autorregulação (ANBIMA) eleva o padrão ao recomendar práticas adicionais de conduta e transparência, que muitas administradoras adotam voluntariamente para manter confiança e atratividade do produto no mercado.

Relação com o gestor e contratações terceirizadas

Embora o administrador exerça funções operacionais e regulatórias, a gestão ativa da carteira costuma ser delegada a um gestor de recursos (quando aplicável). Nesse modelo, o administrador contrata o gestor em nome do fundo e supervisiona que a gestão observe o regulamento e as políticas estabelecidas.

Em estruturas complexas — como FIDCs, fundos de fundos ou fundos de private equity — o papel do administrador inclui avaliar riscos relacionados a contrapartes, monitorar o cumprimento de covenants e assegurar que qualquer terceirização esteja documentada e auditada. Ademais, o administrador deve avaliar a capacidade técnica dos prestadores, acompanhar SLA (acordos de nível de serviço) e, quando necessário, promover a substituição de fornecedores que não cumpram requisitos operacionais ou de conformidade.

Em suma, a relação administrador-gestor é de cooperação com fronteiras claras: o gestor decide alocações e estratégias; o administrador garante instrumentos, controles e aferição de conformidade com o regulamento do fundo.

Atuação em eventos críticos: assembleias, substituições e liquidação

O administrador também conduz procedimentos formais em momentos críticos: convocação e condução de assembleias de cotistas, comunicação e execução de decisões da assembleia, gestão das substituições de gestores ou administradores e, quando necessário, a liquidação do fundo. Em casos de irregularidade ou risco sistêmico, cabe ao administrador comunicar CVM e cotistas, executar planos de contingência e proteger os ativos em nome dos investidores.

Na liquidação, por exemplo, o administrador preside o processo de venda de ativosquitação de passivos e distribuição do saldo entre cotistas, sempre conforme regras do regulamento e da legislação aplicável. Esse papel exige experiência jurídica e operacional, pois envolve a coordenação com auditores, advogados e órgãos reguladores para minimizar riscos e evitar passivos para o próprio fundo e para terceiros.

administrador de fundos é peça-chave no funcionamento dos fundos de investimento: garante cálculo correto de cotas, integridade patrimonial, cumprimento regulatório, governança e comunicação clara com investidores.

Suas responsabilidades combinam rotina operacional (cálculo, registros, processamento), governança (políticas, divulgação, gestão de conflitos) e atuação decisória em eventos críticos (assembleias, substituições, liquidação). Em um mercado cada vez mais regulado e competitivo, administradoras que incorporam controles robustos, tecnologia e transparência agregam valor aos produtos e contribuem para a confiança do investidor — afinal, a qualidade da administração é muitas vezes o que distingue fundos sólidos daqueles que apresentam risco operacional ou regulatório.

Administrador de fundos: responsabilidades e principais atribuições | Vórtx